O Brasil recebeu o status de país livre de febre aftosa com vacinação, nesta quinta-feira (24). O ministro Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, recebeu o certificado durante a 86ª reunião da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris.
Depois de mais de 50 anos de trabalho na erradicação e prevenção da febre aftosa nos rebanhos, a condição sanitária foi estendida para todos os estados, além de Santa Catarina, que é considerada livre sem vacinação.
Blairo Maggi ressaltou a perspectiva de ampliação de mercados para as carnes bovina e suína. “A partir desse reconhecimento, o Brasil tem novo status no mercado mundial e poderá acessar mercados que ainda estão fechados”, comemora.
O ministro explicou que novos tipos de carne passarão a ser negociados, principalmente com países asiáticos. “Não era possível, até agora, por exemplo, exportar para a China carne que contém osso”, afirma.
Outro “efeito colateral”, citado por Maggi, são as exportações de carne suína. O produto brasileiro não era aceito no mercado, devido a ausência do status de país livre de febre aftosa. “Temos um estado na federação que é livre sem vacinação, então, esse podia exportar por exemplo, para o Japão, para Coreia e outros mercados. Com a mudança, você tem mais gente para conversar, mais países para comercializar”, disse.
Próximo passo
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prevê que até 2023 deve ser possível cessar a vacinação no país, iniciando a retirada da vacina contra aftosa já a partir do ano que vem.
“Temos esse cronograma definido em função do fluxo de animais, porque uma vez declarado o estado como zona livre, não é possível transitar mais por ele com animais procedentes de outro com situação diversa. E também há atuação nas fronteiras, desde a Argentina, Paraguai, Bolívia, Venezuela, países com os quais há um programa conjunto”, explica Blairo Maggi.
Febre aftosa
A doença é causada por um vírus, com sete tipos diferentes, que pode se espalhar rapidamente, caso as medidas de controle e erradicação não sejam adotadas logo após a detecção.
O vírus está presente em grande quantidade nas feridas e também pode ser encontrado na saliva, no leite e nas fezes dos animais. A transmissão pode ocorrer por contato direto com outros animais infectados ou por alimentos e objetos contaminados. Calçados, roupas e mãos das pessoas que lidaram com animais doentes também podem transmitir o vírus, que é capaz de sobreviver durante meses em carcaças congeladas.
O animal contaminado apresenta febre alta, que diminui após dois ou três dias. Em seguida, aparecem pequenas bolhas que se rompem e causam ferimentos. O animal deixa de andar, comer e podem até morrer dependendo da idade.