Após passar a madrugada no alto de um pé-de-jaca em Dourados, a onça-parda, que foi resgatada na quarta-feira (31), já foi devolvida a seu habitat natural. Depois de ter sido examinada, o felino foi solto em uma mata da região. Acredita-se que o animal tenha caminhado mais de 10 quilômetros até se refugiar na árvore.
Para o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o comportamento da população foi preocupante. “Parecia final de Copa do Mundo. Teve um momento que havia mais de mil pessoas, todos querendo chegar cada vez mais perto. Tinha gente que jogava limão na onça”, contou o médico veterinário Lucas Casati.
O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) explica que, assustada, a onça poderia ter saltado da árvore e atacado as pessoas, em um reflexo instintivo.
A demora para conseguir sedar a onça se deu porque os dardos lançados não penetravam a pele por tempo suficiente para injetar o tranquilizante. Equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) e técnicos de uma universidade local tentaram resgatar o felino ainda na terça-feira (30), mas não tiveram sucesso.
Somente por volta das 13h de quarta-feira (31), a onça despencou da árvore. Policiais ampararam a queda com uma rede, mas o animal recobrou a consciência e tentou atacar, obrigando os técnicos a usarem mais tranquilizantes.
O felino foi levado para o Hospital Veterinário da Unigran, passou por exames clínicos e teve um pequeno ferimento na perna suturado. Era um macho com idade entre 3 a 4 anos e pesava cerca de 60 quilos. “Deixamos ela em observação para ver se não estaria claudicando ou apresentaria outro problema após passar o efeito do anestésico. Como aparentava estar bem, levamos para fazer a soltura”, conta o veterinário.
Visitas indesejadas de animais silvestres estão cada vez mais comuns e podem estar relacionadas com a diminuição das florestas. Sem alimento em fartura como em outros tempos, os bichos são obrigados a fazer longas caminhadas e acabam perdendo a direção e invadindo áreas povoadas. “A onça dificilmente ataca as pessoas porque têm muito medo do humano. Mas podem aprender a caçar animais domésticos, como carneiros. O que acaba acontecendo é que viram alvo fácil dos caçadores”, conta Lucas Casati.
No CRAS vivem 10 onças-pardas que chegaram lá filhotes e acabaram domesticadas demais, sem chances de retornar a viver na natureza. “Normalmente são filhotes cujas mães foram mortas porque estavam caçando em fazendas”, lamenta o veterinário.