Protagonista do maior escândalo político da história de Dourados, o ex-prefeito Ari Artuzi foi escolhido pelo PMN para ser o candidato ao cargo majoritário. A definição aconteceu em um churrasco partidário na noite de ontem e foi divulgada nesta quinta-feira (3) pelo presidente regional da sigla, Adalton Garcia.
A reunião teve a participação das Executivas Estadual e Municipal do PMN, que referendaram o nome de Artuzi. Apesar de estar, segundo Adalton, tratando de um câncer e fazendo quimioterapia, Artuzi aparece nas fotos tiradas ontem com bastante cabelo e com a mesma cara de quando administrou a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Cerca de 150 filiados participaram do churrasco, afirma o PMN.
Juristas considerarem Artuzi inelegível por ter sido cassado pela Câmara de Vereadores, mesmo após ter renunciado. No entanto, Adalton Garcia rebate dizendo que o ex-prefeito é “candidatíssimo” porque não tem contra ele nenhuma condenação transitada em julgado.
Adalton questiona até a renúncia de Artuzi. “A Lei Orgânica do Município diz que toda a renúncia tem que ser manuscrita pelo mandatário. Ela cai por terra por ter sido digitalizada”, afirmou.
O PMN espera que a candidatura de Artuzi alavanque os votos da legenda para vereador. “Com todo o desgaste que ele sofreu, ele ainda aparece com de 22 a 23% das intenções de voto”, afirma o dirigente.
Adalton estima que o partido consiga 16 mil votos a vereador graças a “popularidade” do ex-prefeito. “Vamos eleger uma bancada com quatro vereadores”, arrisca.
Para o PMN, a reação dos outros candidatos poderá ser favorável Artuzi. “Os caras vão vir de botinada (SIC) e isso vai nos dar condições de crescer muito. Ele (o ex-prefeito) disse: ‘se baterem eu vou bater de volta; se abrirem a boca, eu vou abrir também’. Palavras dele”.
Ari Artuzi foi escolhido pelas cúpulas estadual e municipal do PMN
Foto: Divulgação/PMN
Sobre a competência de Ari Artuzi para administrar a cidade, Adalton afirma que o ex-prefeito tem condições de fazer uma administração bem melhor. “Eu penso que ele deve ter aprendido bastante com os erros que ele cometeu. Ele acreditou demais em quem estava com ele. Se ele for eleito, faria uma administração bem diferente”, disse.
Otimista, o presidente regional do PMN disse a reportagem do Capital News que ainda não ver porque os empresários não apoiariam o candidato. “Não vejo porque não. No universo, tudo tem dois lados. Assim como tem os que querem o Zauith [Murilo Zauith, prefeito e candidato à reeleição] tem os que querem o Artuzi”, disse. Desde o ano passado, o ex-prefeito tem afirmado a intenção de retornar ao cargo por meio do voto.
História
Artuzi foi preso no dia 1º de setembro de 2010 com o vice-prefeito Carlinhos Cantor, o presidente da Câmara Municipal de Dourados Sidilei Alves e mais oito dos 12 vereadores, e com quatro secretários municipais, o procurador do município, a primeira-dama, empreiteiros, prestadores de serviço e servidores públicos. Com a linha sucessória em frangalhos, o juiz Eduardo Machado Rocha assumiu como prefeito interino.
Em dezembro, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 34 milhões em bens do ex-prefeito e de outros 45 réus em ação por improbidade administrativa. O prefeito permaneceu preso até o final de 2010, quando renunciou ao cargo.
Artuzi foi apontado pela Polícia Federal como chefe de um esquema milionário de fraude em licitações e desvio de verbas públicas. Em uma das gravações feita com câmera escondida, o então prefeito aparece recebendo uma grande quantia de dinheiro.