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Dourados Quinta-feira, 19 de Março de 2015, 15:59 - A | A

Quinta-feira, 19 de Março de 2015, 15h:59 - A | A

Dourados tem deficit de 130 bombeiros mas receber só 9 concursados

Taciane Peres - Capital News

Com déficit de 130 bombeiros militares, conforme o Diário Oficial do Estado, a cidade de Dourados, que não tem aumento de efetivo há 10 anos, tem previsão de receber apenas 9 do total de concursados no Estado, número que não repõe sequer as perdas deste ano, que chegará perto de 12 devido às aposentadorias. O Grupamento, que é responsável por uma população de 450 mil habitantes (Dourados, Itaporã, Douradina e oito distritos), e realiza uma média de 900 atendimentos mensais, entre ocorrências de salvamento, prevenções, palestras, incêndio, além de serviços técnicos, deveria ter no mínimo mais de 200 profissionais, mas conta com apenas 90, quase 1/3 (um terço) do ideal.

Com informações do site Dourados Agora, as informações são do Conselho Institucional de Segurança de Dourados (Coised) com base no Diário Oficial do Estado. Além da defasagem do efetivo, a entidade mostra a falta de estrutura e o sistema de manutenção das viaturas que é ineficiente frente ao serviço de emergência prestado pelo Grupamento. A consequência disso, segundo o Conselho, é o comprometimento da qualidade prestada para a população e demora na execução do serviço de socorro, justamente aquele está diretamente relacionado à vida do cidadão.

A grande preocupação é que enquanto há um déficit considerável no Grupamento, a formação de um bombeiro militar demora em média 4 anos, para o Oficial em Academia Militar e em torno de 1(um) ano no caso do Soldado, ou seja, caso fossem incorporados hoje, só estariam atuando de forma profissional em 2019 e não acompanharia o crescimento população. O treinamento de um oficial bombeiro é demorado porque exige uma série de conhecimentos na área de exatas (cálculo, eletricidade, mecânica, gases, hidráulica, entre outros) em nível superior, além da preparação da vasta área de atuação (mergulho, salvamento terrestre, altura, aquático, combate a incêndio, produtos perigosos, entre outros).

Segundo o Coised, o Corpo de Bombeiros só é uma das instituições de maior credibilidade no Estado devido à dedicação dos militares. Apesar disso, segundo o Conselho, os profissionais sofrem com o desgaste diário. Além de prestar o socorro nos mais diversos tipos de emergência, os bombeiros são responsáveis por fiscalizar todas as edificações, exceto residências unifamiliares, quanto aos procedimentos de prevenção contra incêndio e outros riscos, conforme determina a lei 4.335 (Código de Segurança). O processo dura vários dias devido a uma série de etapas a serem cumpridas já que, além de todo o trabalho de engenharia preventiva, os bombeiros ainda fiscalizam o cumprimento. Os mais de 350 atendimentos mensais, somente neste tipo de serviço demandam de no mínimo 12 profissionais bombeiros, que ficam restritos neste serviço.

De acordo com o Coised, com tropa de pronto-emprego, que é aquela que precisa estar em alerta 24h para atender qualquer tipo de socorro, as viaturas de emergência ficam em média 20 dias paradas na manutenção quando precisam de reparos. Isto acontece porque a política adotada para manutenção e conserto de veículos do Estado é a mesma para toda frota, e não considera o tipo de serviço diferenciado que o Corpo de Bombeiros Militar presta a população, principalmente no atendimento de ocorrências (emergências e urgências), via “193”.

Conforme detectou o Coised, o Sistema Tauros, que é utilizado pelo Estado nos processos de reparos de viaturas funciona de forma burocrática, porque uma empresa credenciada precisa fazer o diagnóstico para depois de alguns dias oferecer um orçamento.

Depois disso, abre-se concorrência no sistema “on-line” para que mais interessadas tenham a chance de oferecer o serviço e orçamentos. Depois há um tempo de aprovação, ordenamento das despesas e empenho dos recursos. Só então, depois de cerca de 20 dias o veículo recebe os reparos. Para o Coised, em qualquer outro serviço público que não atua com emergências de risco de morte, os 20 dias de viaturas paradas, poderiam ser considerados como período normal, mas não é essa realidade do Corpo de Bombeiros. O Coised ressalta ainda, que há momentos que até duas viaturas ficam nestas condições em Dourados, justamente pelo tipo de serviço que executa em situações extremas de operação, em que são colocadas diariamente no socorro a vítimas.

Por isso, segundo o Conselho, sempre haverá veículos parados na manutenção, cabendo ao Estado rever o sistema para garantir celeridade nos reparos e retorno das viaturas o quanto antes para o serviço público. Hoje Dourados conta com 09 (nove) viaturas dos Bombeiros, número até aceitável para o efetivo defasado, mas para uma cidade como Dourados (e região) é insuficiente, pois nem veículo plataforma ou escada para apagar incêndios em grandes proporções em edifícios, por exemplo, existe.

Combustível

Outro grave problema para Instituições, como do Corpo de Bombeiros, é que sem autonomia financeira, o grupamento esbarra na burocracia nas situações inusitadas como os graves acidentes, que demandam de um gasto maior de combustível. Segundo o Coised, como o sistema é ineficiente para o Corpo de Bombeiros, o Grupamento enfrenta uma oferta de combustível que não condiz com a realidade. O Coised detectou que cada viatura recebe um cartão com uma quantidade exata de combustível e quando uma delas estraga e a outra está desabastecida devido à cota esgotada, existe uma burocracia que emperra o socorro à população. Isto acontece porque os bombeiros precisam acionar o gestor, em Campo Grande, para conseguirem autorização para abastecer, o que demora significativamente, principalmente quando acontece fora dos horários comerciais (à noite), sábado, domingos e feriados, dias esses, em os bombeiros mais trabalham.

Estrutura do prédio

Com uma estrutura antiga e adaptada, as instalações físicas da sede do 2º Grupamento de Bombeiros Militar de Dourados não são apropriadas para o tipo de serviço que a instituição realiza a população. Isto porque, com modelo de aquartelamento, a sede não possui estrutura mínima para garantir o treinamento básico da corporação como torre, casa de fumaça e piscina. Também não há alojamentos adequados feminino e masculino, cozinha, sala de instrução e tecnologia multimídia. Segundo o Coised, sem estes recursos o Grupamento atua de maneira improvisada.

Pleitos do Coised

O Conselho está solicitando do Estado à convocação dos 165 candidatos remanescentes do último concurso público que está em vigor e que parte deles seja destinados para Dourados. Também está pedindo que seja adotada uma política de inclusão ciclica (anualmente) no efetivo. A ideia é que se faça um estudo sobre o índice de crescimento populacional ao ano e que o efetivo acompanhe esta demanda, incorporando mais militares do que o número que sai.

Estado

O Governador Reinaldo Azambuja vem se posicionando favorável para a abertura de novos concursos e convocação de remanescentes de certames que ainda estão em vigor, porém não tem confirmado a quantidade de oficiais a serem destinados para Dourados. O PROGRESSO entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do Estado, que ficou de responder a este questionamento, o que não ocorreu até o final desta edição.
 

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