Há menos de um ano comando da Prefeitura de Dourados Murilo Zauith (PSB) afirma estar trabalhando de forma transparente, ouvindo os aliados e buscando extirpar definitivamente o fantasma da corrupção que rondou o município nos últimos dois anos.
Para Murilo, Dourados precisa mostrar seu peso nas discussões sobre as eleições de 2014. Ele defende que a classe política local entre no debate. O prefeito fala de sua relação com o PMDB, com o governador André Puccinelli e com o deputado federal Geraldo Resende que sonha em disputar a prefeitura no ano que vem.
O prefeito diz que a população é quem vai dizer nas urnas se quer uma volta ao passado. Murilo informa que, no momento, está administrando o agora.
“Precisamos elaborar projetos a médio e longo prazo para colocar Dourados na modernidade”, aponta o prefeito.
Ele relata os feitos da sua administração para que a cidade, a exemplo de Campo Grande, tenha um projeto político definido, onde numa sequencia de quatro administrações a população pode assistir a transformação da Capital numa metrópole moderna e eficiente.
Capital News - O prefeito considera ter estancado a corrupção que envolvia agentes públicos na prefeitura?
Murilo Zauith - Combater a corrupção é uma obrigação de todo homem público. Posso dar um exemplo pratico disso: o perímetro urbano de Dourados na gestão passada foi alterado doze vezes. O interessado vinha à prefeitura e mostrava seu interesse em abrir um loteamento e a Câmara aprovava a alteração sem sequer realizar uma audiência pública.
Propomos um projeto maior para a cidade. Durante seis meses a discutimos com a sociedade um novo perímetro urbano. Debatemos com todos os conselhos e a nova proposta foi aprovada por unanimidade sem contar com uma audiência pública onde toda a comunidade pode participar.
Esta é a transparência que a nossa administração está mostrando em todos os atos. Estamos tratando a coisa publica com respeito. Estamos dando exemplo de como tratamos bem e com respeito a gestão publica. E assim será até o último dia da nossa administração.
A corrupção se combate diariamente como diz a presidente Dilma. É a minha vontade combater a corrupção e deve ser a vontade de todos os funcionários da Prefeitura. Sempre que houver um deslize de algum funcionário será apurado com rigor.
Hoje estamos conversamos com todos os segmentos para discutir os rumos do município. Todo cidadão agora tem acesso as contas da prefeitura. Sabem quando temos de dinheiro em caixa. Fui o primeiro a ir ao Sindicato dos Professores e negociar salários diretamente com a categoria. Não vamos tolerar nenhuma forma de corrupção e através do diálogo vamos reconstruir a cidade.
Capital News - O senhor tem recebido pressão de aliados por nomeações? Como pretende reagir a isso?
Murilo Zauith - Tenho tratado os aliados como aliados. Todos estão participando da tarefa de administrar Dourados. Temos compromisso que cumprir o compromisso que assumimos junto à população. Vejo que a administração hoje tem a participação de todos os partidos aliados que estão bem representados.
Agora querer mais nomeações ou menos nomeações depende da necessidade. A nossa forma de administrar é fazer o bom serviço com número de funcionários necessários, sem inchar da maquina pública.
Conversando, dialogando e mostrado que não dá para atender todos os pedidos. No final do ano temos que fechar as contas e por isso não pode mos encher de contratações. Ainda não ocupamos todos os cargos comissionados existentes no organograma da Prefeitura. Contratações só se forem imprescindíveis. A Prefeitura não é um balcão de empregos.
Na hora de fazer política vamos fazer política também. Temos nove meses de governo e este tempo foi muito pouco para botar uma Prefeitura em pé. Hoje trabalhamos na emergência. Temos que administrar a médio e longo prazo. Hoje estamos tapando buracos e fazendo o que tinha ser feito ontem. Ainda não conseguimos executar e planejar.
Os projetos que levei para Brasília ultrapassam a soma de R$ 480 milhões e vamos colher resultados só mais para frente. Estamos mostrando as prioridades para os parlamentares para que possam destinar recursos para o município.
Capital News - Negar espaço para partidos aliados não pode comprometer o projeto de reeleição?
Murilo Zauith - Não estou negando espaço. Na medida do possível estou atendendo os aliados. Os aliados já fazem parte da administração. Não existe hoje na Prefeitura panelinhas ou grupo. A busca é única pelo bem da cidade. A reeleição depende da execução dos projetos que estamos elaborando para médio e longo prazo. A reeleição não é o fim é o meio.
Capital News - Como o senhor pretende garantir o apoio do governador e ainda do PMDB sendo que há neste partido pessoas interessadas em concorrer com o senhor tais como os deputados federais Geraldo Resende e Marçal Filho e a vereadora Délia Razuk?
Murilo Zauith - É normal esta discussão. Sempre houve estas movimentações. No momento oportuno o governador, em nome do grupo dele, que é o mesmo que está na nossa administração vai tomar a sua decisão.
Puccinelli tem compromisso com Dourados e com o nosso Governo. Estamos construindo juntos alguns projetos. Ele me conhece bem, estivemos quatro anos juntos no Governo do Estado e tenho certeza que ele sabe o que é melhor para Dourados.
Capital News - Em recente entrevista, o senhor disse que não quer ser excluído do grupo do governador. O PMDB é fundamental no seu projeto de reeleição? Qual é o peso do partido?
Murilo Zauith - Se temos projeto para 2014 devemos conversar com todo mundo. Manchetes de jornais dão conta que André que o Delcídio vão estar juntos em 2014. Quero que o PMDB continue tendo compromisso com Dourados.
O PMDB é muito importante para o projeto da minha reeleição. O partido tem representantes na Câmara Federal e ocupa vários cargos nas administrações municipal e federal. O PMDB é importante no conjunto do nosso projeto e assim como Campo Grande foi capaz de fazer um projeto para 20 anos proporcionando uma sequencia de boas administrações queremos fazer o mesmo em Dourados.
Capital News - O senhor pretende manter a vaga de vice nas mãos do PT?
Murilo Zauith - Estamos vivendo um momento político. No futuro vamos conversar. A questão sobre quem será o vice será discutida hora oportuna. Hoje estou muito satisfeito com o PT na vice. A Dinaci tem ajudado muito na administração. Ela auxilia muito. Vários programas estão nas mãos dela que está executando com muita competência.
Capital News - A saúde ainda é o principal problema de Dourados?
Murilo Zauith - A saúde básica e PSF são de responsabilidade da Prefeitura. Os Hospitais são mantidos com recursos do município, do estado e do Governo Federal. A saúde em Dourados é plena e atende todo o sul do estado. Nosso município é pólo de saúde e os problemas são complexos, pois atendemos toda a região.
O Hospital Universitário mantido pela UFGD vai ser o hospital de referencia no momento em que assumir todas as especialidades. Na saúde básica podemos afirmar que o atendimento está muito melhor do que quando assumimos a administração.
Estamos planejando para consertar os pontos falhos e, podem ter certeza, vamos lutar para melhorar aquilo que for de responsabilidade da Prefeitura.
Capital News - Há setores na educação que reclamam de administração. Como enfrentar esta crise?
Murilo Zauith - Estamos planejando ações concretas na educação. Educação não se faz de uma hora para outra. É uma conquista diária. Temos dialogado direto com professores e diretores de escola. Tem sido franca nossas conversas e os profissionais estão sentindo que temos ações planejadas. Nossas escolas estão abaixo da médica nacional. Temos tudo para subirmos na média. Estamos estimulando os professores. Teremos concurso no momento certo.
Dentro das próximas semanas vamos fechar o quadro de professores. Todos os concursados estarão lotados e saberemos onde teremos as janelas. Não faremos concursos para professores em 2012. Todos os alunos receberão uniformes e material escolar. Vamos entregar um kit com duas camisetas, dois shorts, mochila, lápis, cadernos e demais materiais.
Capital News - Problemas graves ainda persistem nas aldeias indígenas? Qual a solução?
Murilo Zauith - Os índios de Dourado são assistidos com serviços de saúde, assistência social e educação. Estamos presentes nas sete escolas com oitenta professores; atendemos em quatro postos de saúde e quem norteia todos os encaminhamentos são os próprios índios através de suas lideranças.
As decisões são tomadas com o consentimento do Conselho Indígena com a Prefeitura, a Funasa, FUNAI. As aldeias fazem parte de uma área federal e a Prefeitura não tem decisão sobre os índios. Além disso, a prefeitura contribuir com o desenvolvimento da Agricultura familiar. Com nossas ações estamos mostrando que a Reserva Indígena é responsabilidade de todas as esferas governamentais.
Capital News - Em relação ao PSB, o partido é o que o senhor esperava? Houve surpresa com as disputas internas?
Murilo Zauith - Identifiquei-me muito com o PSB porque se pegarmos minhas ações como deputado estadual e federal chegamos a conclusão que sempre foram ações sociais. Sempre tive este trabalho na Assembléia Legislativa quando elaborei projetos como o que garantiu cotas para índios na UEMS. Levei para as universidades federais esta discussão em 2003. Sobre as disputas internas vejo que isso faz parte do jogo democrático num partido que tem lideranças fortes. As disputas oxigenam o partido e reforçam as lideranças emergentes.
Capital News - Como está sua relação com o deputado federal Geraldo Resende o principal concorrente na eleição de 2012?
Murilo Zauith - O deputado Geraldo Resende é o coordenador da Bancada Federal e isso é muito significativo para Dourados. Já tivemos três federais quando fui federal. Sempre que pude lutei pelo fortalecimento político de Dourados. Este deve ser o papel de Geraldo.
Acredito que Dourados só será forte politicamente quando a classe política estiver unida. Hoje se discute sucessão de 2014 e não vejo ninguém de Dourados influindo nesta discussão. Temos que ter a responsabilidade em colocar Dourados nas discussões sobre o futuro de Mato Grosso do Sul.
A sequencia de boas administrações é que colocará Dourados no topo do poder estadual. Campo Grande é referencia e modelo de projeto político voltado para o futuro. Na capital a continuidade do projeto já dura quatro administrações e a população viu o desenvolvimento da cidade.
Capital News - Como o senhor analisa a passagem do o ex-prefeito Ari Artuzi pelo “poder”?
Murilo Zauith - Quando disputei a eleição com Ari Artuzi mostrei disse que o político deveria estar preparado para administrar a cidade. O Ari não tinha a dimensão do tamanho de Dourados, do tamanho da maquina administrativa e dos problemas que iria enfrentar. A sociedade é que tem que dizer se Artuzi é uma pagina virada na política douradense e sul-mato-grossense. Está nas mãos do povo. É o povo quem vai dizer nas próximas eleições qual página deverá ser lida.
Capital News - O senhor começou a remover as rotatórias da Avenida Marcelino Pires. Isso faz parte da retirada de marcas de administrações anteriores?
Murilo Zauith - Já tiramos três rotatórias da Avenida Marcelino Pires, a principal artéria da cidade porque uma cidade de duzentos mil habitantes com mais de cem mil carros e motos precisa se modernizar. Além disso, mais de 18 mil carros de outras cidades da região circulam diariamente nas ruas da cidade.
São ações desta natureza e grandeza que vamos fazer para modernizar a cidade. As rotatórias que foram feitas há duas décadas representam o passado. Elas são tiveram sua importância. Esta mudança não representa a minha vontade própria, mas a necessidade da cidade assumir suas novas responsabilidades.
Na tarefa de modernizar Dourados vamos também retirar as rotatórias da Avenida Weimar Torres e da Rua Joaquim Teixeira Alves; substituir o calçadão da Rua Dr. Nelson de Araújo para uma ampla rua e a estação de transbordo sairá da Rua Onofre Pereira de Mattos e para substituí-la vamos implantar um moderno sistema de cartão magnético que facilitará a vida dos passageiros que poderão mudar de ônibus em qualquer ponto.
Já criamos a agencia municipal de trânsito que atuará para a modernização do sistema viário, vamos tirar o fluxo de onibus da Avenida Marcelino Pires criando linhas no sentido leste-oeste. Vamos criar a onda verdade que possibilitará ao motorista cruzar toda a cidade num percurso de 8 km do Monumento ao Colono até o Lago do Jardim Flórida em menos de dez minutos.
A nossa administração terá a marca da modernidade. Vamos transformar Dourados numa cidade moderna, numa cidade empresarial com grandes investimentos principalmente no setor sucro-alcooleiro. Queremos com isso melhorar a qualidade de vida da população e preparar a cidade para os desafios da modernidade. Já estamos qualificando a mão-de-obra de 1200 pessoas e recentemente trouxemos para Dourados o Canasul, o maior evento de negócios ligado ao setor agro-energético além de prepararmos o aeroporto municipal para atende a demanda deste novo tempo de desenvolvimento que se aproxima.
Vamos continuar trabalhando para que Dourados que já é um pólo de desenvolvimento da região Sul de Mato Grosso do Sul não fique parado no tempo e consiga ter o valor que realmente merece.
Por Nicanor Coelho, correspondente em Dourados - Capital News (www.capitalnews.com.br)
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