Hospital do Câncer de Dourados reabre, mas diretor avisa: “Estamos na UTI”

Sem fazer nenhum novo atendimento desde a última quarta-feira (7), o Hospital do Câncer de Dourados deve voltar a receber pacientes nesta segunda (12). Pelo menos foi o que prometeu o Dr. Mário Eduardo Rocha, um dos diretores da instituição. De acordo com ele, isso só será possível pela promessa de repasse na ordem de 200 mil reais por parte do Hospital Evangélico, que teria retido repasses de convênios e do Sistema Único de Saúde (SUS) que somariam quase cinco vezes mais. O valor, no entanto, ainda é insuficiente para que o Hospital do Câncer atenda com folga os pacientes. “Estamos na UTI. E mais para lá do que para cá”.

A declaração foi dada durante entrevista ao programa “Hora da Verdade”, na Rádio Grande FM neste sábado. Segundo Mário Eduardo, esse repasse só foi possível graças a intervenção do Ministério Público Federal. “Conseguimos um TAC [termo de ajustamento de conduta] para que o Hospital Evangélico consiga nos repassar segunda-feira agora 200 mil reais emergencialmente para que a gente possa voltar a abrir as portas”. Para novos tratamentos, porém, o prazo será um pouco mais longo. “Só a partir do dia 19 ainda porque nossos estoques estavam paralisados e só tínhamos o suficiente para os que já estavam em tratamento”, explicou.

Construído através de doações da sociedade à Associação de Combate ao Câncer da Grande Dourados (ACCGD), que também equipou a unidade, todas as despesas do Hospital do Câncer são pagas pelos repasses feitos pelo SUS e também pelos convênios particulares. Esses recursos chegam primeiro ao Hospital Evangélico que depois repassa ao Hospital do Câncer e aí estaria o problema, já que o HE tem segurado esses valores. “Precisamos ter o credenciamento direto com os convênios, como a Cassems, Unimed e São Francisco. Assim o dinheiro viria direto para nós e teríamos um maior fluxo de caixa”.

**Doações**
Além da falta de repasses do Hospital Evangélico, Mário Eduardo reclamou ainda da falta de transparência nas doações recebidas pela Associação de Combate ao Câncer da Grande Dourados (ACCGD) que, segundo ele, peca pela falta de transparência e, além disso, “não repassa nenhum recurso para manutenção das atividades do Hospital de Câncer”, disse.

Além de possíveis desvios de finalidade desses recursos, o diretor afirma que esses valores podem não estar sendo declarados à Receita Federal, o que pode gerar multas pesadas à Associação. “A gente quer fazer tudo transparente para saber o que essa Associação tem feito com esse recurso que é arrecadado em nome do Hospital do Câncer.

Pelo lado da ACCGD, a ex-presidente e vereadora Virgínia Magrini postou em sua página pessoal que as afirmações do Dr. Mário Eduardo são “inverdades”. “No tocante aos trabalhos da ACCGD, toda população tem conhecimento, uma vez que tudo é devidamente publicado.

A contabilidade é feita pelo escritório Cruzeiro do Sul e os balancetes são publicados de acordo com a Lei, só não tomando conhecimento aquele que não quer. Nosso objetivo é o atendimento aos pacientes e não o pagamento de encargos de uma empresa particular, que visa lucros”.