Índios das aldeias Bororó e Jaguapiru, de Dourados, bloquearam por cerca de 30 minutos a rodovia MS-156, que liga Dourados a Itaporã, no fim da manhã de hoje (04). A ação faz parte dos protestos, ocorridos em todo o Estado, por conta da morte do indígena Oziel Gabriel, em Sidrolândia.
Os manifestantes também pedem mais áreas dentro da reserva indígena existente em Dourados.
“Queremos com essa movimentação prestar apoio aos ‘parentes’ de Sidrolândia e também reivindicar mais espaço para a nossa comunidade. Atualmente somos 14 mil vivendo numa área de pouco mais de 3,4 mil hectares”, comentou Vilmar Martins Machado, uma das lideranças que estavam no local.
Segundo ele, em média 500 crianças nascem todos os anos nas aldeias. “O que nos deixa preocupados, é a demora para o problema [da terra] ser resolvido. Enquanto isso, todos os anos, centenas de crianças vão nascendo e o espaço acabando”, comentou.
O vereador indígena Aguillera de Souza, comentou a situação com o site Dourados News: “Temos que buscar uma forma de acabar com esses conflitos. Acho que o Estado deve procurar um jeito de acabar com isso. Eu vejo que existe boa vontade entre proprietários de terra e índios. Porém, o mesmo não acontece com o governo”, acrescentou o legislador.
Durante a manifestação, os indígenas realizaram o Urayy’Já [Dança do Relâmpago] e outras atividades. Segundo lideranças, as movimentações servem para chamar os guerreiros para defender e se preparar para a guerra.
SEGURANÇA
Cinco homens da PMRE (Polícia Militar Rodoviária Estadual) estiveram no local para garantir a segurança de manifestantes e condutores que passavam pela via. Durante o bloqueio da pista, o congestionamento chegou próximo de um quilômetro no sentido Dourados/Itaporã, porém, muitos resolveram retornar a MS-156 na contramão, para não ter que aguardar.
CNJ
Ontem, durante reunião com o corregedor nacional de Justiça, ministro Francisco Falcão, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo anunciou que a AGU (Advocacia Geral da União) deverá pedir a reintegração de posse da Fazenda Buriti.
Durante a reunião foram discutidas medidas para impedir a ocorrência de novos conflitos entre fazendeiros e lideranças indígenas no estado do Mato Grosso do Sul. Participaram também da reunião o secretário-geral adjunto do Conselho Nacional de Justiça, Marivaldo Dantas, o juiz auxiliar da Presidência do CNJ Rodrigo Rigamonte, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e o presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, desembargador Newton De Lucca, entre outras autoridades.
As lideranças indígenas envolvidas da região de Sidrolândia serão convidadas para uma reunião na próxima quinta-feira, da qual participarão representantes do CNJ, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), do Ministério da Justiça, da Secretaria-Geral da Presidência da República e do TRF da 3ª Região. “O objetivo é que possamos ouvi-los e iniciar um diálogo na perspectiva de termos uma desocupação da área de forma pacífica”, disse o ministro José Eduardo Cardozo.
Com informações do site Dourados News