“Nhu Porã”. Este deve ser o nome da nova Aldeia Indígena que poderá ser criada em Dourados a partir da nascente do Córrego Engano nas entranhas de uma mata ao leste do Estádio Douradão.
O “Campo Bonito”, significado de Nhu Verá em Guarani, deverá se estender da convergência da BR-163 com a rodovia estadual MS-156 até que as águas do ribeiro Engano desemboquem nas barrancas do Rio Dourados onde se situa o Porto Cambira.
A nova reserva indígena pode ser uma realidade tão logo seja concluído o estudo antropológico que está sendo realizado por especialistas nas questões indígenas contratados pela Funai (Fundação Nacional do Índio). Caso isso aconteça o desenvolvimento da área urbana de Dourados poderá ficar travado já que a área que, segundo os antropólogos, é de uso tradicional dos povos indígenas da etnia Caiuá, tem seu início onde está situado onde há uma nesga sobrevivente e Mata Atlântica logo após o Pesqueiro Canoa.
A nova reserva indígena ocupará grande extensão territorial que está no espaço da Zona Urbana que foi ampliada através de lei aprovada no ano passado pela Câmara Municipal de Dourados. O restante do território “Nhu Porã” avança pela Zona Rural.
Especialistas em assuntos indígenas afirmam que a área indígena “Nhu Porã” poderá ter uma área superior a 1.500 hectares e abrigará centenas de famílias Caiuá que sobrevivem em acampamentos espalhados nos municípios de Dourados, Caarapó e Ponta Porã.
O prefeito Murilo Zauith (PSB) recebeu, esta semana, uma notificação exarada pelo Ministério Público Federal (MPF) que faz uma séria recomendação sob forma de “alerta” para que a Prefeitura não desenvolva nenhum projeto habitacional, viário ou de outra natureza na região em estudo até que a Funai conclua seus trabalhos antropológicos. Até mesmo a “alça sul” do Anel Viário poderá ficar suspensa.
Fontes ligadas ao MPF afirmaram que a recomendação em forma de alerta visa resguardar o direito das pessoas de boa fé e evitar possíveis prejuízos àqueles que porventura venham adquirir casas, chácaras ou outros tipos de imóveis que estejam situados nos limites previstos para a área indígena “Nhu Porã”.
O estudo antropológico que está sendo realizado há vários meses de forma altamente sigilosa chegou ao conhecimento de incorporadores imobiliários que estavam planejando o lançamento de novos loteamentos na área da “futura” Nhu Porã e agora terão que “puxar o freio de mão” e amargar milhares de reais em prejuízo caso a área indígena seja referendada.
O assunto é altamente polêmico e deverá afetar os proprietários de pequenas propriedades rurais que estão localizadas na área em estudo além de comprometer o crescimento da área urbana de Dourados.
Com a criação da reserva “Nhu Porã” especialistas então provocar uma corrida á verticalização da cidade e o provável recrudescimento da especulação imobiliária já que ao norte a zona urbana colide com as Aldeias Indígenas Jagurapiru e Bororó; a oeste é barrada pelos quartéis do Exército, pela Cidade Universitária e pelo Aeroporto Municipal Francisco de Mattos Pereira; ao Sul para no Distrito Industrial e o Aterro Sanitário; e ao Leste fica emperrado nas indústrias do prolongamento da Avenida Marcelino Pires; na Penitenciária de Segurança Máxima Harry Amorim Costa (PHAC) e no futuro Presídio Semiaberto.