A Polícia Federal conseguiu prender dez dos 12 envolvidos no esquema de sonegação fiscal e descaminho de mercadorias investigado na Operação Bumerangue. A ação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira em cidades do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo e envolveu, além da PF, também a Receita Federal e o Ministério Público Federal. De acordo com o que já foi apurado, a quadrilha teria movimentado R$ 300 milhões e o valor sonegado chegaria a um terço desse número, mas a nova fase da investigação pode trazer números ainda mais significativos.
Pelo menos essa é a conclusão do Superintendente da Polícia Federal, Edgar Paulo Marcon. Ele, junto com o Chefe da PF de Dourados, Leonardo de Souza Machado, o Delegado da PF, José Luis Adures e o Procurador do MPF, Marco Antônio Delfino Garrido, concederam entrevista coletiva para avaliar a operação. De acordo com Marcon, com o material que foi apreendido nesta quarta, os valores apurados até agora podem aumentar. “Por enquanto é uma projeção, mas com as novas provas, a movimentação pode chegar ate R$ 1 bilhão”.
Das dez pessoas detidas, duas são servidores da Receita Federal na cidade de Ponta Porã e outros são empresários. “A quadrilha era bem organizada. Eles compravam materiais siderúrgicos através de exportadoras instaladas em Ponta Porã, algumas delas de fachada, e tinham as notas ‘esquentadas’ pelos funcionários públicos. Como o imposto para o mercado interno para o externo tem diferença de aproximadamente 40%, eles lucravam essa diferença revendendo esses produtos para indústrias ou outras empresas do ramo”, explica Marcon.
As investigações que originaram a Operação Bumerangue começaram há cerca de dois anos, motivadas por denuncias que chegaram ao Ministério Público Estadual e, após o início das apurações pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), foram encaminhadas para a Polícia Federal. “Nas investigações foi constatado que os servidores da Receita facilitavam e acobertavam os ilícitos. A partir dessas investigações conseguimos chegar até os envolvidos”, explicou o Procurador do MPF, Marco Antônio Delfino Garrido.
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Foto: Rogério Vidmantas/Capital News
Imóveis
Os nomes dos envolvidos não foram divulgados, segundo Marcon, para não se cometer injustiças. “Não vamos individualizar, já que estamos ainda na fase investigatória, mas o aumento patrimonial dos envolvidos chama a atenção”. De acordo com o que foi apurado, os envolvidos adquiriram, apenas em Ponta Porã, cerca de cem imóveis, residenciais, comerciais e até rurais.
Apesar da ação desta quarta-feira, o trabalho de investigação segue, agora com novas provas que devem indicar também outros envolvidos. “Pessoas e empresas que receberam essas mercadorias no Brasil também estão sendo investigados. Vamos começar agora uma nova etapa neste processo”, concluiu.