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Dourados Terça-feira, 23 de Outubro de 2012, 11:53 - A | A

Terça-feira, 23 de Outubro de 2012, 11h:53 - A | A

Professor denuncia “patrulhamento ideológico” e perseguição na UFGD

Nicanor Coelho, correspondente em Dourados - (www.capitalnews.com.br)

“Desde sua implantação, em 2006, até os dias de hoje, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) tem estado sob o domínio de um 'establishment' universitário, isto é, de um grupo sociopolítico que, empoderado legalmente, mantém forte controle, influência e autoridade sobre os rumos da instituição e a vida das pessoas na academia”.

A afirmação é de Jorge Eremites de Oliveira, que atua na instituição como professor de Antropologia da Faculdade de Ciências Humanas. Na universidade, segundo o professor, “existe a tentativa de implantação de um projeto político hegemônico, apresentado como sofisma de democracia, com nítida vinculação político-partidária, comprometendo o futuro da instituição e seu papel estratégico para a região onde está inserida”. Eremites que tem doutorado em História/Arqueologia pela PUCRS afirma que o grupo que está no poder da UFGD “usa de vários mecanismos burocráticos e legais para manter-se no poder”.

Jorge Eremites cita que o “poder estabelecido” na UFGD “assoberba servidores com mais e mais trabalhos ligados ao funcionamento de uma instituição administrativamente pesada, ao invés de torná-la mais leve para favorecer as atividades fins de ensino, pesquisa e extensão. Além disso, segundo o professor o comando da instituição “promove o patrulhamento ideológico contra vozes discordantes, não raramente rotuladas de reacionárias, conservadoras, oposicionistas e de direita”.

Em um documento escrito e assinado pelo professor no dia 19 de outubro, ele afirma também que o “establishment” chega a cercear “o pensamento crítico quanto às suas ações político-administrativas, imprescindível para o desenvolvimento institucional e a democracia interna” e também “faz acordos para beneficiar aliados políticos, inclusive pessoas oportunistas e carreiristas, criando uma espécie de hipossuficiência política aos não aliados”.

Eremites assevera também que na é comum na UFGD a promoção e “a cooptação de associações e sindicatos de trabalhadores e entidades estudantis, sobretudo de certos dirigentes que exaltam a instituição como “a melhor universidade de Mato Grosso do Sul”, denotando ausência de humildade e contradição em relação a dados publicados sobre a graduação e pós-graduação no país”. O professor elenca ainda que a direção da UFGD apoia candidato próprio a pleitos eleitorais no município, prova que seu projeto de hegemonia é extramurros”

Na opinião de Jorge Eremites, “isso tudo atesta, portanto, que o “establishment” pratica violência social e política para atingir seus propósitos, observada em relações sociais assimétricas que impedem o reconhecimento das vozes discordantes como sujeitos”. O que no passado foi um sonho para os douradenses “no presente se apresenta como pesadelo para quem defende na academia o pluralismo de ideias, a liberdade de pensamento, a educação libertária e apartidária, o desenvolvimento científico e tecnológico e o planejamento estratégico”, explica o professor ao acrescentar que “em um ambiente assim, geralmente quando alguém apresenta uma proposta ao conselho diretor em determinadas faculdades, sua ideia não é apreciada pelo mérito que possa ter, mas pelo fato de sua autoria estar ou não ao lado do referido “establishment”.

O professor acredita que por causa do “patrulhamento ideológico” e pela violência social e política impingida pela direção da UFGD “muitos professores-pesquisadores e até mesmo alguns técnicos administrativos pediram demissão da UFGD ou solicitaram redistribuição para outras universidades”. Eremites afirma que “outros ainda o farão assim que tiverem oportunidade, inclusive pessoas há muito estabelecidas no estado, com vínculos de parentesco e sentimento de pertencimento à região”.

Para o professor são “questões dessa natureza não são devidamente discutidas nas instâncias de deliberação da universidade, sob o argumento simplista de que tudo não passaria de mera mobilidade de servidores públicos diante do crescimento do ensino superior no país”.

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