Nascido em Dourados, interior de Mato Grosso do Sul, Naigel Haran Sadaka de 33 anos tinha o sonho de ser jogador de futebol, veio para Capital para realiza-lo. O jovem começou a carreira no Clube Esportivo Nova Esperança, também conhecido na época, pelo acrônimo CENE, de Campo Grande, jogou no interior de São Paulo e no time nacional de Belo Horizonte, Cruzeiro até um episódio mudar os rumos dos seus planos.
"Me recordo que queria morrer e questionava: Por que Deus?"
Aos 16 anos ele sofreu um acidente de moto que quebrou as duas pernas, por causa disso, ele teve que deixar de lado o sonho de ser jogador de futebol. “Eu me deprimi, me recordo que queria morrer e questionava: Por que Deus?”, detalhou. Deprimido e sem vontade de viver, ficou um ano sem andar até conhecer uma jovem que o incentivou a dar os primeiros passos e o convidou a trabalhar como modelo.
Naigel já chamava atenção pelo seus quase dois metros de altura e beleza, o incentivo da moça foi um empurrão que ele precisava para apostar na carreira de modelo. Aos 16 anos participou do primeiro concurso de beleza e passou, depois disso, começou a receber convites de dentro e fora do país.
"Eu não gostava de yôga, achava que era coisa de mulher"
O primeiro chamado para viajar fora do Brasil foi para Malásia, de lá passou por cerca de 5 países entre eles a Índia, na época, com pouca idade, odiou o lugar e aprender o yôga não estava em seus planos. “Eu não gostava de yôga, achava que era coisa de mulher. Na época prometi a mim mesmo, nunca mais voltar ao país”, destacou.
Naigel ficou 8 anos morando fora até retornar para a Capital após o que ele chamou de “crise existencial”. Ele disse que começou a questionar o sentido da vida, a mãe o levou ao psiquiatra que o diagnosticou com bipolaridade e prescreveu medicamentos tarja preta.
A medicação o jovem tomou por alguns dias, mas percebeu que ficava mais mal que bem, foi então que buscou outras alternativas. Naigel começou a correr e a fazer jejum, ele lembra que após as atividades, fechava os olhos e respirava, assim sentia sensações que os fazia muito bem, esses foram os primeiros sinais da paixão pelo yôga.
O modelo recorda que começou a prática pela internet, gostou tanto que resolveu se especializar, foi aí que a promessa que havia feito lá atrás, de nunca mais voltar a Índia, foi quebrada. Naigel viajou para o país para fazer um curso, ele lembra que tinha o dinheiro apenas da passagem e do primeiro curso. “Eu fui com uma mão na frente e outra atrás, me lembro de pedir ajuda para uma ex namorada e ela negar”, recordou.
O jovem ficou um mês estudando e morando na Índia, antes de terminar o curso, recebeu uma bolsa para morar no local e estudar por 2 anos. Ele conta que não tinha planos de voltar para o Brasil até que em uma meditação na qual teve que ficar 24 horas em silêncio, teve uma visão. “Eu fechei os olhos e me vi dando aula tem frente ao Parque das Nações Indígenas”, recordou.
Essa visão fez Naigel voltar para Campo Grande com a missão de compartilhar o que havia aprendido com os indianos de graça e aos domingos no Parque das Nações Indígenas. Foi aí que o jovem, já com o nome de Punit (nome espiritual dentro do yôga, que significa “pureza”), criou o Movimento Sadhaka. A primeira aula de yôga foi realizada no dia 27 de janeiro de 2018 e reuniu cerca de 30 pessoas.
Dois anos depois, o professor montou a Casa Sadhaka que surgiu como uma extensão do Movimento Sadhaka, com o intuito de trazer mais conforto e qualidade nas práticas dos alunos. No local são oferecidas aulas, meditações e o curso de formação em yôga com certificado internacional do The Yoga Institute, o estúdio de yôga mais antigo da Índia.
O Naigel atua na área há 5 anos ele fala que o yôga que o escolheu e revela que foi muito feliz em modelar, no entanto a profissão roubou a identidade dele. “Eu me sentia usado, estava infeliz, na yôga eu me encontrei e poder partilhar o que aprendi na índia com as outras pessoas me deixa muito feliz.”, finalizou.
Bora saber mais?
1. Capital News: O que é yôga como ela influencia na saúde mental e emocional das pessoas?
Naigel: A Yoga te ajuda a pensar e a equilibrar as emoções. A mente é formada pela ação do corpo, o que você ouve, fala, o barulho, interferem no resultado do seu estado mental e corporal. A yôga te ajuda a gerar menos pensamentos e a ficar menos reativo.
"Através dessa prática mudei a forma de pensar e agir"
Eu era muito estressado, através dessa prática mudei a forma de pensar e agir. Sou mais feliz, me amo mais.
2. Capital News: Qual objetivo dessa pratica?
Naigel: É a “parada” de toda as flutuações mentais. Ela te ajuda a parar a sua mente para você ouvir a voz do seu interior. Silenciando a mente você consegue focar mais, se livrar das distrações. Ser feliz!
Surge sentimento de abundância de gratidão.
3. Capital News: O que envolve?
Naigel: E um conjunto de práticas posturas físicas e respirações.
4. Capital News: Quem se julga “uma pessoa acelerada” consegue praticar?
Naigel: Sim, isso porque existem várias modalidades da prática, uma delas é a vinyasa. Trata-se de uma modalidade de yôga mais fluida, com mais movimentos conectados a respiração. Talvez seria o caminho pra quem se julga acelerado.
5. Capital News: Qual caminho para os iniciantes?
Naigel: Através do yoga para iniciante. Ele é mais parado, tranquilo e com menos esforço. Este é o foco.
6. Capital News: Qualquer pessoa pode praticar yoga? Tem idade? O que precisa?
Naigel: Precisa respirar. Qualquer pessoa pode fazer.
7. Capital News: A respiração é uma grande aliada e pode ser um desafio num mundo imediatista?
Naigel: Com certeza. As pessoas não tem tempo. As pessoas têm família, trabalho, filhos e criam uma impaciência, não comem direito, não dormem. Parar é um desafio.
Elizete 13/07/2022
Parabéns mestre. Você é uma inspiração. Parabéns pelo trabalho e dedicação.
1 comentários