Um homem de 31 anos foi preso por violência doméstica na madrugada desta sexta-feira (1º), em Dourados, após agredir a esposa com uma mesa de plástico e ameaçar matar ela e o filho. A prisão em flagrante aconteceu por volta da meia-noite, depois da vítima sair de casa à procura de ajuda, e encontrar os policiais, que realizam rondas próximo ao local.
De acordo com a vítima, o marido chegou em casa bêbado e, bastante nervoso, mandou a esposa lhe entregar a moto dela. Quando ela resistiu à entrega da chave do veículo, o homem começou a agredi-la até quebrar a mesa. Depois disso, ele ainda procurou uma faca na cozinha e começou a ameaçar a ela e ao filho do casal, de apenas cinco anos.
Após ser abordada pela vítima, a guarnição da guarda municipal foi até a residência do casal, onde deu voz de prisão ao agressor. Segundo o registro policial, o homem continuou ameaçando a esposa no caminho até a delegacia, dizendo coisas como: “você vai ver o que vai acontecer com você”, “você não vai mais viver nessa terra”. Todas as agressões e ameaças foram presenciadas pelo filho.
A vítima relatou aos policiais que vive sob ameaças e agressões físicas e psicológicas desde o início do relacionamento, que já dura mais de 6 anos que eles moram juntos. Segundo ela, por várias vezes foi dormir na casa de amigos ou parentes com medo do agressor.
Violência doméstica
Segundo estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo, as mulheres só denunciam a violência sofrida em casa quando se sentem ameaçadas em sua integridade física: ou por armas de fogo (31%), ou quando os espancamentos deixam marcas, fraturas ou cortes (21%), ou ainda diante de ameaças de espancamento contra si mesmas ou contra filhos (19%).
Os dados comprovam que a violência contra a mulher deixa um lastro de subnotificações ao redor do país. Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 503 mulheres são agredidas por hora no Brasil. O levantamento foi realizado em 2016, e demonstrou que mais de 52% das vítimas não procuraram uma delegacia da mulher.
De acordo com documento da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), de 2005, existem vários fatores que levam às mulheres a não denunciarem as agressões e permanecerem em relacionamentos abusivos: risco de feminicídio após o rompimento da relação, vergonha e medo, dependência financeira do parceiro e falta de apoio externo.
“Ao perceber a necessidade de escapar da relação violenta, a mulher tem um longo caminho a seguir: preparar-se afetivamente para o desenlace; preparar-se com segurança para a fuga, preparar-se economicamente. Essas iniciativas podem levar anos, principalmente se a mulher não contar com nenhum apoio”, diz trecho do documento.